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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ele

Na vida tomamos muitas decisões. Ele, naquele dia, tomou a decisão mais difícil que jamais poderia ter tomado. Deixou a sua amada, a mulher que tinha sonhado toda a vida, fugir. Deixou que ela a sua vida deixasse.
Sozinho, naquele carro, toda a viagem de regresso chorou. O passar dos quiilómetros não atenuou o seu sofrimento. Apenas o acentuou.
À noite, no seu quarto, sozinho, lágrimas amargas deixou na sua almofada.
Nada podia atenuar o seu sofrimento. Em todo o lado o seu rosto via.
De manhã, ao levantar, bom dia lhe disse meses a fio, à espera que ela o ouvisse. Durante meses a fio, à noite ao deitar, as boas noites lhe deu à espera que, um dia, ao seu ouvido ela lhe respondesse.
O seu nome muitas vezes ele gritou nos momentos solitários que lhe preenchiam os dias.
Triste, e sem compreender, o contacto com quem mais gostava perdeu. Muitas vezes se culpabilizou por tudo o que lhe estava a acontecer. Muitas vezes de raiva chorou. Achava que tudo poderia ter sido diferente.
A sua consciência sempre vacilou entre a razão, aquilo que achava ser realmente necessário, e a emoção, o que queria que acontecesse.
Foi este o seu grande enigma na sua cabeça. Uma resposta nunca conseguiu arranjar. Muita coisa sem explicação ficou.
Sua felicidade jamais foi completa. Faltava uma parte de si. Muitas vezes disfarçou a sua felicidade, mascarando a dor com um sorriso.
Lentamente começou a entender. Não havia muito a fazer. Começou a entender que, numa relação, a vontade de um só não chega. Talvez a decisão que tomou, embora o fizesse sofrer imensamente, talvez tenha sido a mais acertada. 
Seu coração ficou dorido. Com uma dor que tarda em passar. Uma dor que o mói todos os dias. Ele espera que um dia a dor passe. Embora, por mais que faça, pense, diga e viva, nada atenua esta dor.
Cada dia que passa mais e mais perguntas vieram à sua cabeça e ele começou a duvidar de tudo. Será pedir muito pedir para ser feliz?
Quando realmente amamos alguém, temos que arriscar. Costuma-se dizer que o amor é um jogo de mentiras, em que as pessoas começam a envolver-se e procuram que causar no parceiro uma boa impressão. Fazem com que gostem um do outro por aquilo que têm de bom. Esperam que isso seja suficiente para que, nas alturas mais difíceis, consigam ultrapassar os obstáculos que a vida nos coloca.
O que aconteceu com eles foi algo diferente. Se calhar foi isso que mais o atraiu. O amor que os uniu um dia nasceu de algo que não poderia começar com o jogo normal de homem-mulher.
Por isso é que cada dia que passa é uma ferida aberta no seu coração. Uma ferida que jamais ele pensa que vai sarar jamais. Pelo menos, não por agora. É claro que ele gostaria que fosse diferente. Gostaria de ver o sorriso da pessoa que ama, mas uma muralha separa aquilo que ele quer, daquilo que pode almejar. Uma barreira separa quem ele quer, daquilo que ele tem. Existe uma vida a ser vivida. O seu amor ele recorda e, neste momento, é tudo o que ele tem. Não há nada mais que memórias. Recorda o seu sorriso, o seu jeito, a sua maneira de ser. Ainda sorri quando olha pela janela a pensar nela. É o seu pequeno momento.
Talvez se tudo fosse diferente, ele seria uma outra pessoa. Mas... Na vida não há ses...





1 comentário:

pppp disse...

Bruno, como eu te compreendo... Quero-te dar uma palavra de amigo distante. Costuma-se dizer " o que é bom acaba depressa". Nesse teu caso a fogacidade do momento que viveste com essa pessoa que dizes ser impossível de momento, acredita que poderia ser um presente envenenado ou não! Falo-te que a vida não é feita de momentos fogazes, mas sim com os pés bem acentes na terra.(A fogacidade é equiparada a um orgasmo, e no fim ardeu) Tu sabes disso. A vida terá de ser vivida alicerçada em outros princípios... Mtas vezes quando nos dizem que andamos com os olhos fechados, por vezes querem dizer, que temos de parar e pensar... Se estes anos todos que até aqui vivemos temos vindo a seguir um caminho que não nos leva a felicidade, por que paramos durante alguns instantes? E continuamos novamente o mesmo caminho de sempre que não nos leva a lado nenhum... Bruno, como te conheço, tu és tão forte e tas sem confiança em ti,pk? Por vezes dissipamos as nossas mágoas nas bebedeiras com ou sem os colegas , mas Bruno, estas coisas não são ultrapassadas assim desta forma. Tens de parar realmente... Terás de seguir o caminho inverso a esse...Muda as companhias se necessário... Abre o teu coração perante as novas companhias e verás que as coisas boa acontecerão novamente...